COM DETERMINAÇÃO E MUITO TRABALHO MULHER VENCE DESAFIOS E PRECONCEITOS

Mulher, negra e de origem humilde: varginhense prova que é possível conquistar seu espaço Nessa quinta-feira (20) foi comemorado o dia da Consciência Negra. A data reconhece a importância dos afro-descendentes na construção de nosso país. Trajetória de um povo que ao longo de sua história, sofreu com preconceito e injustiças, mas nem por isso deixou de buscar seu espaço. Um exemplo dessa luta é a varginhense Francine Oliveira. De origem humilde Oliveira atualmente faz parte do quadro de docentes da Fundação Getúlio Vargas, uma das maiores instituições de ensino do país. A professora que atualmente ministra aulas nos cursos de MBA, cursa a segunda graduação e possui especialização no exterior mostra que com determinação é possível vencer qualquer obstáculo. Confira abaixo um breve bate papo com esse exemplo de superação.

Equipe de Reportagem: Francine gostaria que você relembrasse sua trajetória profissional e nos falasse um pouco sobre esse caminho até se tornar professora na FGV?

Francine Oliveira- Comecei a trabalhar ainda menina, com 12 anos. Aos 13 ingressei em um programa da prefeitura de Varginha chamado Pamev- Programa de Atendimento ao Menor de Varginha- atualmente rebatizado de Propac. Esta foi minha primeira realização profissional. Tornei guarda mirim da área azul fui promovida e passei a trabalhar como estagiária ainda dentro do programa Pamev na Prefeitura Municipal e no Hospital Bom Pastor. Começava ali minha carreira empresarial sempre como atendente ou auxiliar de escritório. Entre outras experiências atuei na Associação Comercial e Industrial de Varginha e atualmente gerencio o grupo Conexão conveniado à Fundação Getulio Vargas, no Sul de Minas. Também ministro aulas nos cursos da própria FGV.

E.R: Todo esse processo deve ter sido repleto de desafios, nos conte mais sobre isso…

  1. O- Na busca pelo conhecimento, mesmo sabendo que financeiramente não tinha condições de arcar com uma mensalidade de faculdade, prestei vestibular no final de 2001 e fui aprovada, para o curso Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Obtive uma bolsa de 50% consegui estudar durante 2 anos e meio, e então vieram alguns obstáculos: Não conseguir ter a bolsa renovada e faltando apenas 3 semestres para me formar tranquei a matrícula. Um ano depois reabri a matrícula pagando 100% do valor da mensalidade e então finalizei meu curso e hoje sou jornalista profissional. Outro obstáculo, foi perder o meu pai que

faleceu durante este processo, em Novembro de 2006.

E.R: Já sofreu algum tipo de preconceito?

  1. O- Me recordo de algumas vezes que sofri um preconceito durante um elogio. Trabalhava na época em uma escola de inglês. Certo dia a diretora veio elogiar meu trabalho e disse o seguinte: “O negrinha que parece branca”. Na época era

nova demais para entender o fundamento da questão. Hoje quando lembro acho graça e penso: Será que o negro não pode ser bom de serviço?

E.R: Como você vê o papel do negro no desenvolvimento da sociedade hoje em dia?

  1. O- O negro é fundamental para o crescimento e desenvolvimento do nosso país. Embora ainda seja visto com olhares distorcidos. Ainda é raro encontrar pessoas negras ocupando cargos de destaque nas empresas, em consultórios, como secretárias. Ainda existe muita desigualdade e um preconceito muitas vezes inconsciente. A data do dia 20/11 é uma reflexão com relação a contribuição do negro para o desenvolvimento da sociedade.

E.R: Se você tivesse que dar uma dica para as pessoas vencer o que diria?

  1. O- O que não pode faltar é o foco, a visão de aonde quer chegar. No meu caso não foi diferente. Mirei um foco, um horizonte e batalhei para realizar esse sonho.

Reconheça que você é um diamante precioso lapidado. Nunca deixe ninguém dizer que você não é capaz. Busque o conhecimento e caminhe no sentido da realização de seus sonhos, não meça esforços.

*Francine Oliveira é docente da Fundação Getulio Vargas nos cursos de MBA, Pós ADM entre outros. Possui MBA Executivo Internacional em Gestão Empresarial pela FGV em Tampa na Flórida/EUA. A professora ainda é jornalista, Mestrando em Educação pela USAL/ImesMercosur em Buenos Aires/ Argentina e está cursando o 2º ano de Direito. Há nove anos atua como Coordenadora Geral do Grupo Conexão no Sul de Minas. Além de ser diretora da empresa Comunik Ação Consultoria. Oliveira realiza palestras nas áreas de Motivação, Comunicação, Liderança, Negociação e Estratégias e presta consultoria para Implantação de estratégias Comerciais e Liderança por todo País.